quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

EMDR - abordagem psicoterapêutica rápida para tratamento de traumas emocionais

           Este informativo tem o propósito de esclarecer os objetivos e os procedimentos da nova abordagem psicoterapêutica denominada EMDRDessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares.

 
       O método foi desenvolvido nos Estados Unidos no final dos anos 80 pela psicóloga Francine Shapiro, que criou o EMDR Institute na Califórnia. O nome deve-se ao fato de que o método induz a estimulação seletiva dos hemisférios cerebrais, região onde se encontra armazenada a memória das lembranças dolorosas. Atualmente, o EMDR Institute coordena o treinamento de treinadores, supervisores, facilitadores e terapeutas em EMDR em todo o mundo. Somente profissionais psicólogos e médicos com formação e experiência em psicoterapia, podem participar dos treinamentos e obter o credenciamento junto ao Instituto, condição necessária para a prática do EMDR.
         Inicialmente, o método foi utilizado para tratar de traumas emocionais e as seqüelas provocadas por Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Desde então, as possibilidades de intervenção têm-se ampliado. Além de sintomas resultantes de ansiedade generalizada, fobias, síndrome de pânico, depressões, resultados promissores têm sido obtidos no tratamento de doenças psicossomáticas bem como no aprimoramento de desempenho futuro.


O que é trauma e como saber identificá-lo?
Há vários sinais indicadores de trauma emocional.  A passagem por experiências trágicas, tais como a perda real de pessoas queridas ou a ameaça de perda ou o risco de morte, não significam necessariamente que a pessoa venha a desenvolver um trauma. Um bom indício da existência do trauma é a impressão de que a experiência passada insiste em permanecer no presente. Basta à pessoa lembrar-se do evento perturbador, mesmo que sem querer, para que uma emoção marcante, pensamentos negativos e/ou imagens nítidas se intensifiquem. O assunto reluta em virar passado.
Além da experiência traumática, outros sintomas típicos de TEPT são:
·        re-experiência do trauma por meio de lembranças involuntárias, pesadelos ou reações desproporcionais diante de pequenas coisas que façam lembrar o evento; choro fácil e imotivado;
·        evitação persistente de pensamentos, diálogos, sentimentos, locais, pessoas ou situações que façam lembrar o trauma; incapacidade para lembrar-se de detalhes importantes do evento; distanciamento emocional e social de pessoas subjetivamente significativas; sensação de futuro abreviado; e/ou
·        dificuldade para adormecer ou manter-se adormecido, irritabilidade ou explosões de fúria, dificuldade de concentração, hiper-vigilância constante e prontidão contra alguma ameaça real ou imaginária; transtornos alimentares inexplicados; sobressaltos diante de estímulos neutros mínimos.
   
O que está ocorrendo no cérebro?

Estudos realizados com o auxílio de tomografias de alta precisão sugerem que a experiência traumática é tão forte que altera o funcionamento cerebral. Quando o cérebro é submetido a estresse crônico, o indivíduo perde em qualidade de vida.  Daí a importância de procurar ajuda.

O que acontece com a memória em situação de trauma?
A memória traumática difere da memória comum. Ao ser indagado sobre o cardápio do almoço de quinta-feira da semana passada, um indivíduo provavelmente responderia: "Não tenho a menor idéia!". Neste caso, a memória dispersou-se no passado. A memória do trauma, contudo, guarda detalhes visuais, às vezes auditivos, às vezes físicos, às vezes emocionais, como se tivesse ocorrido há pouco tempo. O indivíduo pode lembrar-se dos sons ambientes, dos talheres, das bebidas, do sabor dos alimentos. A memória fica, portanto, registrada e congelada no cérebro, principalmente no hemisfério direito, grande responsável por administrar nossas emoções. Por outro lado, as ferramentas que nos permitem conferir novo significado à experiência e deixá-la finalmente no passado se encontram no hemisfério esquerdo, responsável por nossa objetividade e racionalidade.

Como o EMDR funciona?
A focalização de elementos da memória traumática e a estimulação bilateral (visual, auditiva ou tátil) promovem o “diálogo” entre os hemisférios cerebrais e a “metabolização” (reprocessamento) do trauma. Em pouco tempo, o indivíduo tem a sensação de maior distanciamento da perturbação traumática. Espontaneamente começa a reavaliar a experiência a partir de uma perspectiva mais otimista. É comum que após o reprocessamento a lembrança do que antes era uma morte traumática perde seu poder de ferir e a pessoa é capaz de resgatar as lembranças de bons momentos. A partir dessas conquistas, a pessoa organiza-se melhor, passa a desfazer-se de sentimentos de culpa inadequados, consegue planejar um futuro melhor, a se permitir desejar coisas boas para si.

Quais são as contra-indicações do EMDR?
Devido ao pouco tempo de existência do EMDR e à especificidade do tratamento de traumas emocionais, a intervenção é contra-indicada em pacientes com quadros psicóticos agudos, epilepsia sem controle medicamentoso ou transtorno bipolar.

Quais são os riscos do método?
Devido à possibilidade de a pessoa apresentar emoção intensa durante o reprocessamento, é importante que o estado de saúde física do paciente seja discutido previamente com o terapeuta em caso de dúvida. Pessoas com condição cardíaca debilitada, início de gravidez ou doenças oculares devem avaliar alternativas para maior segurança e conforto.
 
E se não tenho um trauma identificado ou não me lembro de algum, ainda assim posso optar pelo EMDR?Na dúvida entre carregar um peso emocional desnecessário pela vida ou experimentar uma intervenção com EMDR, tente a segunda alternativa.
  
Fonte: www.emdrbrasil.com.br